Nicéas Romeo Zanchett Romeo
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BIOGRAFIA DE CARAVAGGIO

23 de Marzo del 2018 a las 10:46:34 0 Leído (753)

Bem perto de Bérgamo, graciosa e antiga, entre o verde risonho da paisagem, esconde-se Caravaggio. Talvez, devido a uma inata sensibilidade da raça, à munificência da divindade cósmica ou à proximidade dos grandes centros onde era bem vivo o culto da arte, o certo é que grandes pintores nasceram nas terras bergamascas e foram requintar sua arte em Milão,Veneza e Roma. Como esses, surgiu, certo dia, em Milão, Michelangelo Merisi; de Milão,seguiu para Roma, em busca de fortuna, e tamanha foi sua arte, tão pessoal e originalíssima, que, para melhor distingui-lo do outro grande Michelangelo, o Buonarroti, ou talvez para melhor definir-lhe a pintura, toda embebida de um forte sabor popular, os romanos chamaram-no, desde logo, pelo nome de sua terra natal e ele ficou conhecido, no mundo inteiro, como "Il Caravaggio".
Nasceu Michelangelo (Il Caravaggio) em 1573, filho de Fermo Merisi, arquiteto. Junto ao pai, aprendeu bem depressa a usar da pena e a sonhar com a pintura, aspirando a realizar grandes quadros murais ou afrescos, para colorir os vastos muros que os operários construíam. Qual foi o sinal que revelou ao pai a vocação do filho? É difícil dizê-lo, porque as histórias são muito obscuras sobre esse ponto, mas, como é belo dar crédito às lendas, quando se trata de artistas, homens de muito superiores à realidade, quando prevalece quase sempre a fantasia, sabe-se que Michelangelo, desde seus mais tenros anos, tentava rabiscar figuras, em ponto grande e muito semelhantes ao real, nas paredes ainda frescas de cal, e que Fermo ficou impressionado com a habilidade do filho, tanto que decidiu mandá-lo estudar seriamente desenho, em Milão, entregue às mãos de um bom professor.
E assim foi ele parar no "atelier" de Peterzano. Onze anos de idade, ou talvez menos, tinha ele, então, mas era já um garoto terrível, dos mais irrequietos. Cabelos e olhos escuros, braços e pernas fortes, de criança crescida ao ar livre, sempre pronto a brigar ou a responder malcriadamente a quem o provocasse.
Naquele tempo, quiçá pela vontade dos que encomendavam as obras ou talvez pelo gosto dos pintores, preferia-se pintar em estilo rebuscado. Figuras artificiais invadiam os quadros, contorcendo-se em espasmo e gestos nada naturais; repletos de vestes e adornos, os Santos e as Virgens olhavam das telas, entre uma invasão de frutas e flores, como se fossem, ao invés de Virgens e Santos, meros comediantes.
Também no "atelier" de Peterzano, naturalmente, imperava esse gosto, e os alunos esforçavam-se em imitar o estilo do Mestre. Mas Michelangelo, que sempre foi desabusado e original em sua vida, assim também o foi na pintura e, tanto na vida como na arte, jamais quis aprender boas maneiras. Não prestava atenção, pois, aos quadros do Mestre, mas, ao que via em redor de si, procurando, na vida diária,nos homens encontrados pelas ruas e nas tabernas, os modelos para os próprios quadros.
Michelangelo era um incorrigível brigão; chefiava os rapazes das tabernas e das lojas para pregar peças aos mandões da cidade, e desafiava insolentemente o Mestre, quando este o censurava, com aquele ar arrogante e descarado que nunca o abandonou.
Permaneceu em Milão quatro anos. Terminado o contrato com Peterzano, ou porque a família não se importasse muito com aquele crescido demasiadamente irrequieto ou porque os ares do pequeno povoado bergamasco não lhe agradassem, não mais voltou a Caravaggio e foi em busca de ares melhores.
Dinheiro, ele possuía bem pouco; talvez o suficiente para comer uma salada e, às vezes, quase sempre, nem isso, mas possuía uma grande coragem, um desejo de realizar grandes coisas, com sua pintura, e, também, coração de vagabundo.
Os primeiro tempos, em Roma, foram duríssimos. Apanhou Malária, e esta nunca mais o abandonou, nem mesmo quando saiu do Hospital da Consolação. Certos seus auto-retratos, pintados ao sair do hospital, nos quais o semblante ainda pálido pela terçã aparece sob o aspecto de garoto de rua ou de adepto de Baco, atestam bem claro o quanto saíra sem cor, da insidiosa moléstia, o robusto pequeno camponês. E a miséria não o auxiliou, por certo, a apressar a convalescença. Caravaggio não habitou os bairros aristocráticos, nem teve um daqueles estúdios, arejados e pitorescos, onde os grãs senhores não se sentiam diminuídos em ir posar para os pintores da moda, mas viveu entre os pobres, cuja companhia compartilhou nas tascas, o mesmo se podendo dizer quanto às brigas e a comida.
Mais tarde, porém, dias melhores vieram. Trazia ouro nas mãos, que tão tem sabiam desenhar e pintar, e os romanos, logo, principiaram a entendê-lo. O primeiro foi o cardeal Del Monte, que se apaixonou por um seu quadro de "tabernas", pintado com tamanho vigor e naturalidade, que aqueles jogadores beberrões pareciam vivos e reais. O cardeal levou para casa quadro e pintor. Dependurou o primeiro bem à vista, lisonjeou o segundo, deu-lhe roupas vistosas e apresentou-o aos ilustres amigos que lhe frequentavam o palácio. Entre uma briga e outra, entre um lauto banquete à mesa farta do cardeal e uma parca refeição numa estalagem, hoje trajado de grã senhor, de pajem ao lado, amanhã com o veludo do casaco todo puído, seguido de um canzarrão chamado Cornacchia (gralha), o Caravaggio (agora todos o conheciam sob este nome) ia pintando; e as encomendas choviam.
Não se pode certamente afirmar que, quando viu a seu lado a fortuna, agarrou-a pelos cabelos e a conservou bem junto de si. Reverenciou os nobres, mas apenas o suficiente para que não se lhe tornassem inimigos, pintou sob o impulso de seu estro, mais que por avidez de dinheiro, satisfez seus fregueses, enquanto o gosto destes não lhe feria o próprio. E, muitas vezes, nem isso fazia. Habituados às boas maneiras dos pintores da época, houve quem se escandalizasse ao ver tratados como pessoas do populacho os Santos e as Virgens. Aquele São Jerônimo, de membros musculosos, aquele São Mateus, sentado tão à vontade, em companhia de grosseiros jogadores, aquela Madona morta, que, estendida em seu catre, mostra os membros contorcidos,nos espasmos da agonia, frequentemente faziam torcer o nariz aos homens de seu tempo. Entretanto, também então, como em nossos dias, houve quem compreendesse que aquela rude maneira de descrever os fatos e os personagens era uma nova maneira de se exprimir, com sinceridade e profundidade realmente populares, com amor a Deus, aos homens e às coisas. Muitos, até,foram admiradores de seu estilo, o qual, agradasse ou não aos nobres, logo foi seguido por inúmeros jovens de Roma e Nápoles e, mais tarde, mesmo na Espanha e na Holanda, surgiram muitos admiradores seus, em contraste com os representantes da lei, sempre escandalizados com suas proezas de valentão. Se tivéssemos que representar o Caravaggio, pintá-lo-íamos com o pincel numa das mãos e a espada na outra, pois tantas foram suas brigas, que superaram longamente o número dos quadros que pintou. Para não incorrer nas sanções da lei, Caravaggio precisou, finalmente, partir de Roma e procurar guarida em Nápoles, onde a fama de sua pintura era mais viva do que suas proezas de turbulento.
Tinha cerca de 35 anos, mas demonstrava muito mais, pois a vida desregrada, as consequências da moléstia e o medo de cair nas garras da polícia lhe haviam prejudicado sensivelmente a saúde. Em Nápoles, pintava e provocava rixas, como sempre fizera. Seus quadros, porém, uma Flagelação de Cristo, uma Última Ceia, um Sepultamento de Santa Luzia... demonstravam que o pintor parecia procurar, nessa nova fase, resgatar-se, diante de Deus, de todas as tristes proezas que praticara em sua vida irregular, arrastado pela maldita paixão de provocar lutas, pois, na verdade, esses seus quadros figuravam entre os mais religiosos do século XVII.
De Nápoles, passou para Malta, onde foi recebido com grandes honrarias, mas muito breve foi sua estada ali, porque, após outra de suas façanhas, precisou fugir às escondidas e voltar a perambular pelo continente. E foram, os últimos tempos de sua vida, os mais duros que se possa imaginar; atormentado com o pensamento da justiça, visto com desconfiança por aqueles que julgavam vislumbrar nele sintomas de loucura, devorado pela inquietude e suspeita, jovem de anos, mas velho de experiência, a fortuna, quase que querendo vingar-se daquele pintor, que tão pouco a respeitara, pregou-lhe, certo dia, uma desagradável peça. Navegava Michelangelo num barco, rumo a Gênova (era agosto de 1610), quando, em Porto Ércole, a polícia, tomando-o por um personagem de reputação duvidosa, deteve-o o necessário para certificar-se de sua identidade, mas o tempo que bastou para que o largo levantasse ferros e zarpasse para o largo, com tudo quanto o pintor levava consigo. Em vão se desesperou Caravaggio, correndo pela praia, sob os raios do fortíssimo sol que vergastava aquela hórrida região, repleta de miasmas maláricos. Afinal, as forças abandonaram-no. Houve, dizem, quem o recolheu agonizante e o internou no hospital, mas,parece-nos mais coerente com a figura do personagem a versão que nos transmitiram os historiadores, segundo a qual ele morreu nas areias da praia, só e desesperado, com a boca contorcida de tanto gritar, dando vazas, pela última vez, à sua habitual rebelião.
Mas sua obra permaneceu imperecível. Graças a ela, sejam quais forem os erros praticados por Michelangelo Merisi, "plebeu de temperamento sombrio e brigão", todos verão nele sempre, um dos maiores pintores da Itália e do mundo.
Nicéas Romeo Zanchett



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